sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Antes das promessas não feitas

Antes das promessas não feitas e não cumpridas
Da quebra das palavras ainda não ditas
Em um tênue presente de incerto futuro
Havia o comportamento vil e obscuro.

Após escutar belas palavras eruditas
E crer em juras de amor tão felicitas
O tempo tornou-se querençoso e puro
E puniram-me pelo decorrido, amarguro.

O castigo pelo passado antes do início
Investido durante a obra do desejo, do vício
Em taciturnidade foi íntima decepção.

Agora é padecimento durante a escuridão
E condolência pelo resto do débil estrupício
Que de sua angústia só apresenta vestígios.

Jeniffer M. 

sábado, 17 de novembro de 2012

Cândido Arlequim

Dentro do picadeiro vivia Cândido Arlequim
Sempre embriagado, de cabeça estouvada
Era a alegria da trupe com tanta palhaçada
Vivia sua puerícia como se fosse sem fim.

Dentro do picadeiro caiu Cândido Arlequim
Machucado, foi troça boa entre a criançada
Enfurecido, distribuiu abundantes bofetadas
Foi nota trivial em um decadente folhetim.

Fora do picadeiro ficou Cândido Arlequim
Levando pontapé dos afáveis camaradas
Receou de tudo ser uma atroz emboscada
Bramiu lôbrego, clemente: Coitado de mim!

Hoje não se chama Cândido, nem Arlequim
A amargura agora é sua única e fiel amada
Já não possui recordação das velhas risadas
E os guizos do coração já não fazem tlintlin.

Jeniffer M.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Lúgubre fraqueza

Oh, lúgubre fraqueza da paixão
Taciturno pranto da madrugada
Sagaz e delirante dor da discrição
Não me transfigurem em morada.

De tuas libidinosas armas torno-me são
Após os estorvos de tuas trapaças
Arraigando em mim a louca indecisão
Acerca do que sou despindo fachadas.

Permitam-me amargar por dores reais
Repousar plácido na obscuridade
E manifestar dilemas tradicionais.

Sendo desprezível com excentricidade
Decepcionando-me por causas morais
E amando com funesta veracidade.

Jeniffer M.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Viver é sofrer

Em tempos derradeiros, ouvi uma enunciação
Aceitá-la seria ao meu otimismo amotinação
Confesso-lhes, a receei, mas sem a conceber 
Pois não aguentaria crer que viver é sofrer. 

Mas eis o que me aguardava, era o esmorecer 
Perante os fatos vividos, morria em mim o prazer  
Dos sonhos de outrora desejados, restara assolação 
Um conformismo nascia perante a antiga asserção.

Então, colérico, evadi: A felicidade é uma ilusão! 
Feroz axioma vertido por mim em teorema vão 
Demonstrara pura veracidade sem se envaidecer
Pois reconhecia a desgraça que tinha a oferecer.

Agora esta evidência é apenas o que tenho a dizer
Perdurar nada mais será que um contínuo entristecer
Para todos aqueles que em utopia não se refugiarão
E todos que de sua fantasia extorquidos serão.

A dor e a angústia acompanham-nos sem consternação
A nossa tragédia é verdadeira conivente da decepção
Há lugar para confiança que nunca há de se condoer
Pela vítima do gregarismo que acabará por se esvaecer.

Mas, ainda assim, haverá outros que hão de descrer
E flamejantes, brandantes, hão de dizer:
Mas eu realmente sou feliz! (Frêmitos de emoção)
Mas vos direi que não. Sereis vítimas de tua alucinação.

Jeniffer M.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Um funesto

A vigente reminiscência 
Do que um dia foi constante 
Hoje não é mais que ausência 
Vertida em grande dor maçante. 

Na atroz falta de veemência  

Estafo da pulsação incessante 
E de minha total inapetência 
Que me restara? O bastante. 

Permanece-me o bramir da dúvida 

Sem algo que conclua o meu sofrer
Sou um funesto a me carcomer. 

Pego-me querendo apenas entender: 

A morte faz parte da existência elucida 
Ou a vida não faz parte da ruína adquirida?  

Jeniffer M.

domingo, 8 de julho de 2012

Absorta Sem Versado

Vislumbrei-o... 


Imergindo em pensamentos nupérrimos,
Abjurei-os acobardada em anuir-me 
Tênue disposição instintiva ao ardor.

Abalroou-se...



A discrepância entre o que eu digo e o que eu sou,
Em divergências de sentimentos verossímeis
Me aturdia, me enlevava.

Restringi-me...

Alheia ao que nos cingia, me encontrava 

Embevecida no que confessar-lhe-ia
Tácita alardeando um sorriso delator.

Sucumbirei-me...

Às venturas incertas com um sonhador,
Às novas futuras vicissitudes, onde apenas 
O desfecho revelará uma possível inocuidade?

Mas talvez...

Não incorresse tamanha contrariedade
Caso eu fosse meramente e nada mais do que eu.

- Deixe de pensar, viva!
Ora, mas já não vivo absorta e sem versado?


Jeniffer M.

domingo, 1 de julho de 2012

Bardo ou bárbaro

Como um golpe de adobe lançado contra a parte dela ainda adormecida
Até então desconhecida,
Adornou-se o antigo silêncio com pensamentos de um possível amor cortês 
E com toques de imparcialidade, conheceu a beleza desejada por uns
Temida por outros e repugnante para a tal.
O que era certo e imutável, baqueou-se
Ao instante em que vivia entre barbárie, poesia e melodia 
Questionou-o, és um bardo ou um bárbaro?
Mas não quis saber, entregou-se.

Jeniffer M.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Aniquilação pessoal

Há um lago em meu coração, chama-se quimera
Há muito tempo escolhi afogar-me por ali
Mantive-me imersa por anos que não ouso contar
Por medo de constatar que há muito deixei de realmente sorrir.
Sentidos e pensamentos permaneceram errados por opção
Afigurei-me em ser o que não era e no que nunca serei
E agora, é com grande desprezo que lhes peço
Não me deixem sozinha com estes novos pensamentos, emergi.
Pudera eu continuar na utopia que criei, emergi sem querer
E agora já não sei o que fui, já não sei quem sou
Ter noção do real e cegar minhas esperanças? Não, não quero
Não deixem a consciência dominar-me de tanto desespero.
Mudei sem querer ter mudado e tão doloroso é admitir isto
Pois agora contrario o que eu dizia acreditar
Dizia eu sermos o que quisermos ser
Mas agora prepondera-me de que nada posso fazer para mudar.
Assuma a culpa de teu sofrimento pois deixaste-te sofrer
Assuma as consequências que te abalam pois as conhecia antes de errar
Escolha quem te fará bem, encarregue-se, seja forte, reaja, mude!
Era o que eu dizia...
Mas e agora?
Sinto-me fraca o suficiente para não acreditar nas palavras passadas
E a todos que acostumaram-se a me ver forte e decidida
Não se assustem quanto me verem cair
E gracejem caso achem graça de minha aniquilação pessoal.
Então, solenemente lhes peço
Não me deixem sozinha com os pensamentos que vocês me causam
Enxuguem as lágrimas que vocês me fazem derramar
Não me deixem na solidão em que vocês me acorrentaram
Consolem minhas ilusões fracassadas que vocês alimentaram.
Acho que finalmente estou sendo eu mesma
Um eu fracassado, sensível e iludido
Tão estúpido, reles e ordinário
Que me envergonho.
Se vocês soubessem como é doloroso admitir isso...
Ririam mais ainda.

Jeniffer M.

sábado, 31 de março de 2012

Ainda não nasci

Falta-me ar ao contar as horas
Me agoniza a consciência minha localização no tempo
Horas, dias, meses, anos passando
E não há nada que valha a pena ter chegado até aqui.
Esse passar constante do tempo me atordoa
Me aflige a alma saber que tudo passa, tudo acaba
E eu, nem pouco e nem irrelevante
Nem qualquer outras coisa, não fujo à regra.
Mentiria a mim se dissesse que estou pronta morrer
Não! Não! Não!
Digo a todos que não
Que não desejo a morte, desejo a vida.
Aqueles que manifestam subitamente um estado emocional
Perturbado, nervoso, irregular
Com a própria realidade e dos outros víveres,
Não sou como eles.
Morte não soluciona nada, dá fim
Aos sonhos de mudança, felicidade e esperança
E eu, que há tempos sinto-me morta
Aspiro veementemente por vida.
Não sei o que é nostalgia nem saudade
Não porque morri, e sim porque ainda não nasci
Estou aguardando ao dia que poderei existir
E finalmente viver.
Mas há um pensamento irritante e nada estimulante
Sussurrando em minha cabeça
Desistir e antecipar o fim do nada que se estende até aqui
Ou continuar imergindo em esperanças.
É doloroso decepcionar-se ao fim de todos os dias
Pensando que permanecer adormecido seria o melhor
Mas, por enquanto, escolhi esperar pela vida.
Se ao menos existisse um dia que valesse por todos os outros
Se ao menos eu tivesse forças para mudar
Se ao menos... Mas nem isso.

Jeniffer M.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Reflexo melhorado

Deparo-me com tantas pessoas vazias no caminho
Que as vezes descreio em tudo que ouso esperar
E o que espero?
Aguardo veementemente por reflexos melhorados.
Surge, indubitável
Nas histórias que estou a criar, vivendo em meio a tantas limitações
Esse sentimento tão desejado que apodera-me o ânimo.
Não me angustio
Pois estreitas-me e consolas a alma
Deixemos derramar nossos sonhos
E depois calemos a boca.
Estamos existindo
Por menor que sejamos e não acreditemos nisso
Por maior que podemos ser sabendo disso
Estamos existindo.
Mas o que é que me inquieta o peito e aflige o sangue?
Por que sentir isso afogada em deleite?
Deparei-me com o descaso que sempre procurei sentir
Fluindo de ti e atingindo-me em cheio
Feriste-me.
Enquanto a fria lua reluzia em um belo infinito escuro
Meu coração se aquecia
E o teu? Não sei, desconheço-o
Ressenti-me.
Mas esquecer-me-ei disto agora
Antes ser punida com a verdade
Do que ter a chance de fazer-se acreditar em meras ilusões
Causadas por pura admiração e desejo.
És tu, um reflexo melhorado
De tudo o que procuro ser
Do nada que espero não equivaler
Atordoa-me, reflita.
Creio
Creio em tudo
E depois, não creio em nada
Nem em mim, nem em nós.

Mas agora, silencie-me novamente.

Jeniffer M.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Livres e reprimidos

Anoiteceu e todos adormeceram
Encontrei-me sozinha e meus olhos fechei
Deste mundo resolvi partir.
Inflamei-me pela escuridão
Percorrendo cada canto que me foi possível alcançar
Sentindo uma música corroer minha alma
Sentia-me livre.
Um gato repousava pensando na eternidade
E outro à espreita se divertia com o acaso
Também havia um cão, este me observava
Cada qual livre em seu próprio pensamento.
Mas então amanheceu
E nós? Nos reprimimos dentro de armaduras.

Jeniffer M.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Divergência de opiniões

Na divergência de opiniões
Encontro limitações convivendo com semelhantes
Saciando corpos sem veracidade
E pergunto-me
Onde está o interesse em mudar?
E responde-me
No desconhecimento sobre o que é realmente necessário
E concluímos
São o fracasso do próprio pensamento
Pois escolheram se iludir.
Valem muito entre eles, nada entre nós
Mas não entremos em pânico
Saiba que ficamos de fora
Agora desfrutemos com doses refinadas de angústia
Os livros inacabados e desconhecidos que somos
Vamos descobrir o que há por vir.

Jeniffer M.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Fui olhar em teu espelho

Fui olhar em teu espelho esperando encontrar-te
E eis o que encontro, eu aqui, parada, resignada
Olhando teu reflexo refletir em mim o que eu sou.
Perderei-me em você até encontrar-me novamente
Amarei-me de vez, há de ser assim
E depois direi que não houve interesse em mim.

Jeniffer M.