sábado, 31 de março de 2012

Ainda não nasci

Falta-me ar ao contar as horas
Me agoniza a consciência minha localização no tempo
Horas, dias, meses, anos passando
E não há nada que valha a pena ter chegado até aqui.
Esse passar constante do tempo me atordoa
Me aflige a alma saber que tudo passa, tudo acaba
E eu, nem pouco e nem irrelevante
Nem qualquer outras coisa, não fujo à regra.
Mentiria a mim se dissesse que estou pronta morrer
Não! Não! Não!
Digo a todos que não
Que não desejo a morte, desejo a vida.
Aqueles que manifestam subitamente um estado emocional
Perturbado, nervoso, irregular
Com a própria realidade e dos outros víveres,
Não sou como eles.
Morte não soluciona nada, dá fim
Aos sonhos de mudança, felicidade e esperança
E eu, que há tempos sinto-me morta
Aspiro veementemente por vida.
Não sei o que é nostalgia nem saudade
Não porque morri, e sim porque ainda não nasci
Estou aguardando ao dia que poderei existir
E finalmente viver.
Mas há um pensamento irritante e nada estimulante
Sussurrando em minha cabeça
Desistir e antecipar o fim do nada que se estende até aqui
Ou continuar imergindo em esperanças.
É doloroso decepcionar-se ao fim de todos os dias
Pensando que permanecer adormecido seria o melhor
Mas, por enquanto, escolhi esperar pela vida.
Se ao menos existisse um dia que valesse por todos os outros
Se ao menos eu tivesse forças para mudar
Se ao menos... Mas nem isso.

Jeniffer M.