sábado, 17 de novembro de 2012

Cândido Arlequim

Dentro do picadeiro vivia Cândido Arlequim
Sempre embriagado, de cabeça estouvada
Era a alegria da trupe com tanta palhaçada
Vivia sua puerícia como se fosse sem fim.

Dentro do picadeiro caiu Cândido Arlequim
Machucado, foi troça boa entre a criançada
Enfurecido, distribuiu abundantes bofetadas
Foi nota trivial em um decadente folhetim.

Fora do picadeiro ficou Cândido Arlequim
Levando pontapé dos afáveis camaradas
Receou de tudo ser uma atroz emboscada
Bramiu lôbrego, clemente: Coitado de mim!

Hoje não se chama Cândido, nem Arlequim
A amargura agora é sua única e fiel amada
Já não possui recordação das velhas risadas
E os guizos do coração já não fazem tlintlin.

Jeniffer M.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Lúgubre fraqueza

Oh, lúgubre fraqueza da paixão
Taciturno pranto da madrugada
Sagaz e delirante dor da discrição
Não me transfigurem em morada.

De tuas libidinosas armas torno-me são
Após os estorvos de tuas trapaças
Arraigando em mim a louca indecisão
Acerca do que sou despindo fachadas.

Permitam-me amargar por dores reais
Repousar plácido na obscuridade
E manifestar dilemas tradicionais.

Sendo desprezível com excentricidade
Decepcionando-me por causas morais
E amando com funesta veracidade.

Jeniffer M.