sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Em algum caderno

Deixei morrer as flores de meu jardim
Morreram gritando por esperança
Mas fingi tampar os ouvidos e o coração
E sai pretendendo nunca mais voltar.
Encontrei um caderno na rua com linhas a acabar
Imundo, perdeu-se no tempo
Que já não o consola, suas histórias não podem mais o salvar
Lendo-o, não sei o que senti e não sei o que eu sinto agora.
Perdi-me enforcado em angustia, senti arder em dor o meu peito
Mas continuei sem saber por onde andava e segui o caminho que me sujeitei
Porém, fui fraco o suficiente para cair, e caí
Risos desconhecidos inflamaram meu ego corrompido.
Dentre a dor e o rancor, adormeceu-se o amor
Brotou ódio em conhecidas ilusões
E condenado a vida, condenei-me a realidade.
Não resta-me vontade para viver ou para morrer
Não há desejo em descobrir o que virá a me ocorrer
Apenas sigo sem decidir, guiado pelo acaso sem cessar
E assustado, reconheci o lugar onde fui parar.
Retornei para casa com meu caderno desconhecido
Reconheci-me então
Joguei-me em pranto sobre as cinzas do passado
E lendo as novas e últimas palavras no fim do caderno
Acabou-se, acabei.

Jeniffer M.

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